Proporcionando “Diversidade de Ideias e Pensamentos”

Exposição

INSTALAÇÃO CORPOS


Instalação na FUNCADI - Curadoria de Carlos Lotto

“O artista se contenta em propor que os outros sejam eles mesmos.”
Lygia Clark

O corpo do isolamento, da quarentena, da pandemia, e o corpo feminino, representado em bustos de vitrine. Vinte e sete artistas pesquisadores, em suas casas, em suas estradas interrompidas, que se encontram em reuniões virtuais.

Um núcleo de arte que se mantem ininterrupto desde julho de 2019 num casarão do Pacaembu. Colagens, tecidos, objetos, adereços, telas, livros, poemas, artistas contemporâneos brasileiros e brasileiras que deixaram referencias de impacto.

Isso culmina numa instalação na calçada da casa, no domingo 18 de outubro de 2020. Um outro país, um outro estado mental, outro cheiro no ar, outro calor, outro espaço, outros corpos entre a doença e a esperança.

Será o corpo condensado desta pandemia, reprimido, reduzido, uma forma de compreendermos corpos que durante séculos assim foram tratados, como o corpo feminino, ou os corpos fora dos modelos normativos da cultura branca judaico-cristã ocidental?

Corpos mantidos em seus cubículos de isolamento padrão. Será que os percebemos melhor agora, assim como somos capazes de perceber a violência às quais os submetemos diariamente?

A arte nos mostra o outro, em sua plenitude, em sua aberração, em suas diferenças, e assim revela a nós mesmos, capazes da solução mais brilhante e do crime mais hediondo.

O corpo que serve a todos não existe, nem o modelo feminino que serve a todas. Forjá-los é a grande violência. Isso não pode ser confundido com civilização nem com educação, é um adestramento servil. Limitar um corpo é tirar sua pulsão de vida, de movimento, de surpresa, de contradição, de deslocamento natural de ideias e de comportamento.

A história do feminino poderia ser a história do corpo da mulher dominado pelo homem. Sangue, tortura, humilhação, sublimação, crueldade, injustiça, desigualdade, preconceito são as condições inerentes ao cotidiano desse corpo, cuja função maior é criar. E não pode haver limites para isso, não pode haver barganhas.

Que o isolamento físico e a memória da dor desses corpos subjugados nos façam mais presentes, mais perceptivos, mais sensíveis, mais generosos, mais criativos, mais mulheres.

Carlos Lotto
Arte-educador, poeta e produtor cultural
Estudou Jornalismo, Administração e Dramaturgia
Com especialização em Arte-Educação e Saúde Mental
Frequentou ateliês livres e atuou junto a coletivos de arte
Tem trabalhos junto a grupos de inclusão e bibliotecas públicas